sexta-feira, 10 de abril de 2009

Fonte da Saudade

Da área vazia e arenosa no início dos anos 20, um novo bairro residencial surge, ainda convivendo com o passado industrial da região. Na imagem podemos ver, na Rua Fonte da Saudade, no fim do seu trecho reto, a fábrica da David & Cia, que manufaturava Papéis Pintados, e ocupava uma área considerável da região. Os galpões da unidade fabril ocupavam a área hoje ocupada pelas Ruas Alm Guilhobel e Idelfonso Simões Lopes, indo até a entrada da Rua Sacopam, que ainda não era visível no meio da mata do Morro da Saudade embora já estivesse aberta, como sua entrada nos mostra na foto.

A Pequena Cruzada, no mesmo terreno ocupava uma construção muito diferente da atual, e seus terrenos ainda não tinha sido cedidos para outras atividades.

Mais à frente, perto da Curva do Calombo observamos que, ainda haviam pouquíssimos imóveis na Av. Epitácio Pessoa, na foto apenas um pequeno edifício de apartamentos se destaca no meio do verde. No mesmo ponto, mas subindo a encosta vemos a Rua Tabatinguera ainda na sua condição primitiva, um dos pedaços da Trilha da Catacumba, usada desde tempos imemoriais, primeiro pelos índios e depois na colônia como caminho para os areais de Ipanema e Copacabana. A foto ainda nos brinda com a parte superior da trilha, bem visível, que se dirigia diretamente à área hoje ocupada pelo Parque da Catacumba.

A fundo a Praça Nicarágua na região da antiga Praia Funda, aos pés do Caminho do Caniço, hoje Rua Gastão Bahiana, e uma Ipanema totalmente ocupada, embora ainda só por casas e edifícios de 3 pavimentos. É interessante observar nas encostas o grande número de pedreiras, indispensáveis há até poucos anos antes para a construção civil.

História do Bairro - Lagoa


No Século XVI existiam algumas fazendas e engenhos localizadas no Jardim da Gávea, que englobava os atuais bairros da Gávea, Jardim Botânico e Lagoa, essa área apresentava terras de boa qualidade para o plantio da cana-de-açúcar, atividade esta que muito interessou aos colonizadores no início da vida carioca.

Às margens da lagoa que era conhecida pelos índios como Sapopenipã, que significa lagoa das raízes chatas em Tupi-Guarani, e pelos portugueses como lagoa dos socós, porque na região havia muito dessas aves, foi instalado o Engenho Del Rei pelo Governador Antonio Salema, logo após expulsar os corsários franceses em 1575 da Baía de Guanabara.

Em 1660 essas terras foram adquiridas por Rodrigo de Freitas Castro e Mello que ao voltar para Portugal transferiu-a para seu filho Rodrigo de Freitas que a conservou assim como seu herdeiro.

No início do Século XIX, D. João VI ao se transferir para o Brasil, em 1808, chegando ao Rio de Janeiro, teve como primeira providência a construção de uma fábrica de pólvora para que seu exército e sua marinha pudessem proteger a cidade de possíveis invasões francesas. O local escolhido para a construção da fábrica foi em terras que circundavam a lagoa, já então denominada Lagoa Rodrigo de Freitas. Para que esta construção pudesse ser realizada D. João VI indenizou a família Rodrigo de Freitas e nesse mesmo ano a fábrica foi construída. Em 1826 a fábrica de pólvora construída por D. João VI explodiu e foi então transferida para a Raiz da Serra no caminho que D. Pedro II fazia para chegar a Petrópolis, que passou a chamar-se Fábrica da Estrela.

A partir da metade do Século XIX, a produção de cana-de-açúcar começa a entrar em crise fazendo com que alguns dos engenhos situados nas regiões rurais passassem a ser retalhados em chácaras.

Em 01 de janeiro de 1871 a Companhia de Ferro Carril do Jardim Botânico, empresa que recebeu a primeira concessão para serviço de bondes de burro, estendeu suas linhas até o atual bairro do Jardim Botânico. Dois anos depois, a 17 de dezembro de 1873, a Companhia inaugurava o ramal Gávea que passaria a ser Freguesia a partir do ano seguinte. A Freguesia da Gávea que englobava os atuais bairros da Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Ipanema, Leblon, Vidigal, São Conrado e parte da Barra da Tijuca, atingiu em 1890 o número de 4.712 em sua população residente.

Já no final do Século, a Freguesia da Gávea passou a ser ocupada por fábricas têxteis, aumentando rapidamente sua população. Na 1ª década do Século XX no programa de reforma urbana implementada pelo então Prefeito Pereira Passos foi realizado o saneamento da Lagoa Rodrigo de Freitas. Em 1919, o Prefeito Paulo de Frontim no intuito de resolver o problema de saneamento da lagoa optou pela resalinação da mesma, mas foi na administração de Carlos Sampaio que essa área começou a ser efetivamente urbanizada, passando a integrar mais uma nova e extensa "área nobre" à cidade. Em 1920, apesar dos aterros, a área da Lagoa ainda chegava às ruas Humaitá e Marquês de São Vicente. Em 1922 a orla da lagoa foi circundada por uma bela avenida, que foi utilizada para construções de casas para a elite carioca, essa avenida foi chamada de Av. Epitácio Pessoa, em homenagem ao então Presidente da República Epitácio Pessoa. Em 1926 foi inaugurado o Jóquei Clube Brasileiro, onde ainda hoje está localizado.

Na década de 50 foram fechadas as fábricas têxteis: Carioca e Corcovado e suas áreas foram urbanizadas, encerrando-se assim a fase industrial do Bairro. Paralelamente foram também retiradas da região as favelas onde habitavam os mais pobres. Na administração do Governador Carlos Lacerda foram abertos os túneis Rebouças, ligando a Lagoa ao Rio Comprido, unindo a Zona Norte à Zona Sul.

No início da década de 70 ocorreu de forma mais agressiva as especulações imobiliárias no bairro que é atingido pelas construtoras que passaram a aterrar, mesmo sem autorização da Prefeitura, a Lagoa Rodrigo de Freitas para a construção de edifícios residenciais. Com isso, a Lagoa que já vinha sofrendo aterros desde 1808 perdeu quase a metade de sua área original. Vários foram os protestos por parte de moradores e arquitetos como Oscar Niemeyer e Lucio Costa para que a Lagoa Rodrigo de Freitas e sua orla fossem tombadas pelo patrimônio histórico.

Isso só veio ocorrer em 1975 na administração do Prefeito Marcos Tamoyo, que também aprovou um decreto para alinhamento de suas margens. Foi proibida qualquer alteração na linha do espelho d’água restringindo assim as construções na área em torno da mesma. A área da Margem, seria utilizada para a construção de área de lazer para a população. Nesse mesmo ano foi criado o Parque da Catacumba.

Na década de 1980, as atenções foram voltadas para a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, vários projetos foram apresentados e alguns com a ajuda da iniciativa privada e do capital internacional, foram colocados em prática. Porém, só na década de 1990, é que os cariocas puderam apreciar o espelho d’água menos poluído. Foi nas três últimas décadas do século, que o bairro ganhou uma considerável participação na agitada noite carioca: com bares, discotecas e restaurantes para todos os gostos.

Um passeio visual pela Rua Fonte da Saudade

PUC-Rio / Departamento de Artes & Design
Análise Gráfica / 2005.1
Prof. Edna Lúcia Cunha Lima
Alunos(as): Mary Court

Como foram exterminados os índios tamoios que viviam às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas ?

Já houve uma lei que isentava de impostos quem erguesse engenhos de cana no Brasil. Isto porque, naquela época, o açúcar constituía mercadoria preciosa, servindo inclusive para ativar o comércio internacional. Os engenhos precisavam de muitas terras e essas eram, na grande maioria, ocupadas pelos índios.
Entre 1575 e 1578 o Rio de Janeiro foi governado por Antônio Salema, um jurista, formado em Coimbra, que tinha como principal característica, odiar os índios Tamoios. Salema pretendia instalar um engenho de cana nas margens da atual Lagoa Rodrigo de Freitas. Como estas terras eram ocupadas pelos Tamoios, Salema usou um método traiçoeiro para exterminá-los: espalhou pelas margens, roupas que haviam sido usadas por doentes de varíola. Os índios decidiram vesti-las e se contaminaram. Acabaram mortos. 
Engenho D'El Rei foi construído onde hoje funciona o Centro de Recepção aos Visitantes do Jardim Botânico. Os vários nomes da Lagoa Rodrigo de Freitas além de Lagoa Piraguá (água parada) ou Sacopenapan (caminho dos socós), chamaram-na também de Lagoa de Amorim Soares

O vereador Amorim Soares foi expulso da cidade em 1609.Ele havia comprado o Engenho D'El Rei do Governador Salema. Com a expulsão, tratou de vender as terras para seu genro, Sebastião Fagundes Varela, que comprou e invadiu os terrenos vizinhos e onze anos depois já era dono de todas as terras da região, até o Leblon.
Mais tarde, a viúva de Varela, Petronilha, de 50 anos, casou-se com Rodrigo de Freitas, de apenas 18 anos, dando seu nome à lagoa. Rodrigo de Freitas morreu em Portugal em 12 de julho de 1748. Hoje, passados 250 anos, continuamos a chamá-la de Rodrigo de Freitas, mas pouca gente conhece essa história que acabei de contar.
Mestre Bernardo, arrendou por nove anos 100 braças de terras que estavam devolutas, por carta de 19 de dezembro de 1612. Eram no fim da "praia da Lagoa", onde viveu Baltazar de Azevedo, até junto ao morro da "Saudade", vindo da Lagoa para a cidade. É onde hoje existe a região denominada "Fonte da Saudade". A "Fonte da Saudade" era assim chamada porque no princípio do século XIX alí lavavam roupa lavadeiras portuguesas, que cantavam fados relembrando com saudades a terra distante.
Nesta fonte se bebia uma água mágica... A magia da fonte era tão forte que as pessoas diziam que aquele que tomasse de sua água, nunca mais esqueceria a pureza do lugar. O nome da fonte era Fonte da Saudade... Mesmo que a fonte tenha sido destruida e as águas da lagoa perderam sua magia e encanto, acredite, ainda temos a a chance de recuperar a vida dessas águas...

Conclusão
A Rua Fonte da Saudade é uma rua praticamente toda sua extensão sendo residencial, e muito pouco comercial. Isso se extende também pelo bairro onde ela se situa, a Lagoa, que também mantém essa característica.
Mesmo assim, a identidade visual da Rua atende a diversos tipos de design, coisa que eu não havia reparado antes de fazer esse trabalho. Ela contém um design bem simples, integrado com a paisagem a maioria das vezes, não muito atrativo aos olhos mas também não muito discreto.
O que achei mais interessante foi perceber que a arte do grafite está muito presente na Rua e contribui para um clima de alegria, com cores vibrantes e formas inusitadas, dando vida aos muros de escolas e casas.
A Rua Fonte da Saudade é uma rua muito arborizada e muito agradável e eu acho que o design aqui, contribui para que se mantenha esse clima agradável.

Bibliografia
www.rioantigo.com.br
fotolog.net/rioantigo
www.almacarioca.com.br