sexta-feira, 10 de abril de 2009

História do Bairro - Lagoa


No Século XVI existiam algumas fazendas e engenhos localizadas no Jardim da Gávea, que englobava os atuais bairros da Gávea, Jardim Botânico e Lagoa, essa área apresentava terras de boa qualidade para o plantio da cana-de-açúcar, atividade esta que muito interessou aos colonizadores no início da vida carioca.

Às margens da lagoa que era conhecida pelos índios como Sapopenipã, que significa lagoa das raízes chatas em Tupi-Guarani, e pelos portugueses como lagoa dos socós, porque na região havia muito dessas aves, foi instalado o Engenho Del Rei pelo Governador Antonio Salema, logo após expulsar os corsários franceses em 1575 da Baía de Guanabara.

Em 1660 essas terras foram adquiridas por Rodrigo de Freitas Castro e Mello que ao voltar para Portugal transferiu-a para seu filho Rodrigo de Freitas que a conservou assim como seu herdeiro.

No início do Século XIX, D. João VI ao se transferir para o Brasil, em 1808, chegando ao Rio de Janeiro, teve como primeira providência a construção de uma fábrica de pólvora para que seu exército e sua marinha pudessem proteger a cidade de possíveis invasões francesas. O local escolhido para a construção da fábrica foi em terras que circundavam a lagoa, já então denominada Lagoa Rodrigo de Freitas. Para que esta construção pudesse ser realizada D. João VI indenizou a família Rodrigo de Freitas e nesse mesmo ano a fábrica foi construída. Em 1826 a fábrica de pólvora construída por D. João VI explodiu e foi então transferida para a Raiz da Serra no caminho que D. Pedro II fazia para chegar a Petrópolis, que passou a chamar-se Fábrica da Estrela.

A partir da metade do Século XIX, a produção de cana-de-açúcar começa a entrar em crise fazendo com que alguns dos engenhos situados nas regiões rurais passassem a ser retalhados em chácaras.

Em 01 de janeiro de 1871 a Companhia de Ferro Carril do Jardim Botânico, empresa que recebeu a primeira concessão para serviço de bondes de burro, estendeu suas linhas até o atual bairro do Jardim Botânico. Dois anos depois, a 17 de dezembro de 1873, a Companhia inaugurava o ramal Gávea que passaria a ser Freguesia a partir do ano seguinte. A Freguesia da Gávea que englobava os atuais bairros da Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Ipanema, Leblon, Vidigal, São Conrado e parte da Barra da Tijuca, atingiu em 1890 o número de 4.712 em sua população residente.

Já no final do Século, a Freguesia da Gávea passou a ser ocupada por fábricas têxteis, aumentando rapidamente sua população. Na 1ª década do Século XX no programa de reforma urbana implementada pelo então Prefeito Pereira Passos foi realizado o saneamento da Lagoa Rodrigo de Freitas. Em 1919, o Prefeito Paulo de Frontim no intuito de resolver o problema de saneamento da lagoa optou pela resalinação da mesma, mas foi na administração de Carlos Sampaio que essa área começou a ser efetivamente urbanizada, passando a integrar mais uma nova e extensa "área nobre" à cidade. Em 1920, apesar dos aterros, a área da Lagoa ainda chegava às ruas Humaitá e Marquês de São Vicente. Em 1922 a orla da lagoa foi circundada por uma bela avenida, que foi utilizada para construções de casas para a elite carioca, essa avenida foi chamada de Av. Epitácio Pessoa, em homenagem ao então Presidente da República Epitácio Pessoa. Em 1926 foi inaugurado o Jóquei Clube Brasileiro, onde ainda hoje está localizado.

Na década de 50 foram fechadas as fábricas têxteis: Carioca e Corcovado e suas áreas foram urbanizadas, encerrando-se assim a fase industrial do Bairro. Paralelamente foram também retiradas da região as favelas onde habitavam os mais pobres. Na administração do Governador Carlos Lacerda foram abertos os túneis Rebouças, ligando a Lagoa ao Rio Comprido, unindo a Zona Norte à Zona Sul.

No início da década de 70 ocorreu de forma mais agressiva as especulações imobiliárias no bairro que é atingido pelas construtoras que passaram a aterrar, mesmo sem autorização da Prefeitura, a Lagoa Rodrigo de Freitas para a construção de edifícios residenciais. Com isso, a Lagoa que já vinha sofrendo aterros desde 1808 perdeu quase a metade de sua área original. Vários foram os protestos por parte de moradores e arquitetos como Oscar Niemeyer e Lucio Costa para que a Lagoa Rodrigo de Freitas e sua orla fossem tombadas pelo patrimônio histórico.

Isso só veio ocorrer em 1975 na administração do Prefeito Marcos Tamoyo, que também aprovou um decreto para alinhamento de suas margens. Foi proibida qualquer alteração na linha do espelho d’água restringindo assim as construções na área em torno da mesma. A área da Margem, seria utilizada para a construção de área de lazer para a população. Nesse mesmo ano foi criado o Parque da Catacumba.

Na década de 1980, as atenções foram voltadas para a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, vários projetos foram apresentados e alguns com a ajuda da iniciativa privada e do capital internacional, foram colocados em prática. Porém, só na década de 1990, é que os cariocas puderam apreciar o espelho d’água menos poluído. Foi nas três últimas décadas do século, que o bairro ganhou uma considerável participação na agitada noite carioca: com bares, discotecas e restaurantes para todos os gostos.

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